As nossas casas estão cheias de plástico. A vossa não?!... Experimentem fazer o que fiz. Percorri o nosso apartamento (cerca de 70 m2) de papel e lápis em punho e fui registando os objectos que contêm - na totalidade ou em parte - algum tipo de plástico.
Na cozinha e lavandaria, os electrodomésticos têm todos partes em plástico, do frigorífico à máquina de sumos. Os candeeiros de tecto tem plástico. As bacias, baldes, o apanhador e respectiva vassourinha, o espanador, são de plástico. O ecoponto tem partes em plástico (...), as caixas da areia das gatas são de plástico. As suas taças para a comida também... A quase totalidade das caixas para guardar alimentos - vulgo tupperware - são de plástico. As que são de vidro, têm a tampa... de uma espécie de plástico. As cuvetes de gelo, partes das garrafas térmicas, as colheres medidoras, o germinador, até as tampas das garrafas de alumínio para a água, são de plástico. A minha bicicleta, os nossos patins, algum calçado, têm partes em plástico.
Na casa de banho, a cortina do chuveiro é de plástico, os suportes e base do espelho do lavatório, partes das torneiras e do chuveiro são de plástico. O autoclismo, peça de museu, da marca Dilúvio (com este nome imaginem se não lhe tivéssemos reduzido o volume e colocado um contrapeso, para controlar as descargas...) é de plástico. Há frascos e embalagens de plástico, embora muito menos do que antes deste desafio e muitas delas já reutilizadas várias vezes.
Na sala e no escritório, os aparelhos (televisão, dvd, portáteis, impressora, discos externos, ...) são, em grande parte, de plástico, todos os candeeiros têm partes em plástico (nem que seja os fios e o interruptor...). O mesmo com o aquecedor a óleo. Há marcadores (e respectivas caixas) de plástico, as pastas tamanho gigante onde guardo desenhos e folhas são de plástico, telemóveis e carregadores contém plástico, a minha máquina fotográfica e acessórios... plástico. Quase todas as capas de cd e dvd são de plástico (apesar de os termos deixado de comprar).
No nosso quarto há menos plástico. Além dos casos referidos no parágrafo seguinte, encontro plástico no rádio do zé manel, na balança, no espelho de rosto e nos óculos de sol. Ah, e na bijuteria!...
Pela casa toda, tomadas, interruptores, cabos e fichas eléctricas, os temporizadores, partes dos estores interiores, são de plástico. Os estores exteriores são de plástico. As campainhas, na entrada do prédio, são de plástico.
E tenho a certeza que deixei escapar algumas coisas... Até porque há muito plástico "escondido"...
A nossa vida, para além da nossa casa, está cheia de plástico. E até parece positivo, nalguns casos: por exemplo, devido ao facto de uma parte dos componentes de um automóvel actual serem de plástico há menos gasto de combustível, logo menos emissões de CO2. E parece que os painéis solares são feitos de plástico...
O plástico é resistente, durável ("eterno"), maleável, ..., bonito, barato. Sim, eu bem sei... com todas as suas cores vivas, o plástico pode ser muito apelativo...
Mas... por ser eterno, não se (bio)degrada, perturbando os ciclos naturais. Já todo vimos imagens do que acontece, por exemplo, a animais marinhos que ingerem plástico. Podem rever algumas aqui, através do trabalho do fotógrafo Chris Jordan. E se forem à praia - no inverno (porque no verão são limpas) - na maré baixa...
Resumidamente (podem ler mais aqui, aqui) o fabrico do plástico (a partir do petróleo) liberta químicos poluentes. A reciclagem parece não ser viável para todos os tipos de plástico e, pelo que percebi, não é possível transformar uma garrafa de plástico noutra garrafa de plástico pois o plástico reciclado é de qualidade inferior. Se, por exemplo for transformado num saco plástico e este for "abandonado", ao desfazer-se em pequenas partículas acaba por entrar na cadeia alimentar. O plástico correctamente recolhido e que não é reciclado é... incinerado (este artigo é muito interessante). O que, mesmo que permita a produção de energia, não me parece muito sustentável. Estejam livres para me corrigir, caso esteja a dizer alguma asneira. E, em relação aos bioplásticos (como pude descobrir quando falei sobre os sacos de lixo)... Bom, leiam os comentários ao post, onde alguns leitores ajudaram a desmistificá-los.
Mas, podemos viver sem plástico? PET, vinyl, PP, ... (mais sobre os tipos de plástico aqui)? Como disse antes, às vezes nem sabemos que os temos connosco. Há pessoas, como a Beth e a Taina, que se desafiaram a viver sem plástico (esta senhora parece ter desistido, pelo menos no que se refere aos desafio do plástico...), há sites de produtos - que supostamente - são melhores alternativas ao plástico, ... (devido à minha "experiência" só acredito depois de investigar...), e até se pode começar por "um dia sem plástico"!
Quanto a mim, como sabe quem por aqui anda desde o início (se não é o caso, aqui estão todas as medidas relacionadas com o plástico) tenho vindo a deixar de usar determinados "apetrechos" plásticos (cotonetes, palhinhas, ...) e a alterar hábitos para diminuir a quantidade que entra cá em casa, sendo o mais importante - quanto a mim - o comprar a granel, sempre que possível.
A propósito de precisar de uma tábua de cozinha nova e de ter sido tentada por umas muito giras, coloridas (e de plástico...) decidi deixar de adquirir objectos de/com plástico. Pode parecer um pouco radical, até tendo em conta que não se compram tábuas de cozinha todos os dias... Mas foi o meu momento de viragem, o que é que se há-de fazer? Vou evitar - ardentemente - que entre mais plástico cá em casa. Onde me levará esta decisão? Vou-vos mantendo informados... Para já não vou ter, de certeza, pedacinhos de plástico na minha comida, pois ando na senda de uma bela tábua de madeira ou de bambu.
Mas... por ser eterno, não se (bio)degrada, perturbando os ciclos naturais. Já todo vimos imagens do que acontece, por exemplo, a animais marinhos que ingerem plástico. Podem rever algumas aqui, através do trabalho do fotógrafo Chris Jordan. E se forem à praia - no inverno (porque no verão são limpas) - na maré baixa...
fotografia de Jurnasyanto Sukarno
Resumidamente (podem ler mais aqui, aqui) o fabrico do plástico (a partir do petróleo) liberta químicos poluentes. A reciclagem parece não ser viável para todos os tipos de plástico e, pelo que percebi, não é possível transformar uma garrafa de plástico noutra garrafa de plástico pois o plástico reciclado é de qualidade inferior. Se, por exemplo for transformado num saco plástico e este for "abandonado", ao desfazer-se em pequenas partículas acaba por entrar na cadeia alimentar. O plástico correctamente recolhido e que não é reciclado é... incinerado (este artigo é muito interessante). O que, mesmo que permita a produção de energia, não me parece muito sustentável. Estejam livres para me corrigir, caso esteja a dizer alguma asneira. E, em relação aos bioplásticos (como pude descobrir quando falei sobre os sacos de lixo)... Bom, leiam os comentários ao post, onde alguns leitores ajudaram a desmistificá-los.
Quanto a mim, como sabe quem por aqui anda desde o início (se não é o caso, aqui estão todas as medidas relacionadas com o plástico) tenho vindo a deixar de usar determinados "apetrechos" plásticos (cotonetes, palhinhas, ...) e a alterar hábitos para diminuir a quantidade que entra cá em casa, sendo o mais importante - quanto a mim - o comprar a granel, sempre que possível.
A propósito de precisar de uma tábua de cozinha nova e de ter sido tentada por umas muito giras, coloridas (e de plástico...) decidi deixar de adquirir objectos de/com plástico. Pode parecer um pouco radical, até tendo em conta que não se compram tábuas de cozinha todos os dias... Mas foi o meu momento de viragem, o que é que se há-de fazer? Vou evitar - ardentemente - que entre mais plástico cá em casa. Onde me levará esta decisão? Vou-vos mantendo informados... Para já não vou ter, de certeza, pedacinhos de plástico na minha comida, pois ando na senda de uma bela tábua de madeira ou de bambu.
O problema não é o plástico é o consume desenfreado que gera lixo e são as pessoas incapazes de aprender onde jogar o lixo.
ResponderEliminarabração!
Verdade Maria Lucia, mas aqui eu vou falando das minhas decisões (esperando inspirar outros também) e como não consumo desenfreadamente e tenho-me esforçado por reduzir o meu lixo, achei que este era o passo seguinte.
EliminarBeijinhos
O autor deste artigo não assinado é um grande ignorante e irresponsável. Chama-se a isto "greenwashing". Recomendo-lhe que se dedique a estudar o conceito de "Economia Azul".
ResponderEliminarManuel Simão
Caro Manuel,
Eliminarse por "artigo não assinado" se refere a este post, ele é - como todos os outros neste blog, excepto se indicação do contrário - escrito por mim.
Presumo que seja novo por aqui, caso contrário saberia que este é um blog pessoal que acompanha o percurso para reduzir o impacto sobre a natureza, - reflectindo as experiências desta viagem - de um ser humano comum: eu.
Normalmente quando chego a um blog novo, e antes de fazer comentários conclusivos, costumo tentar perceber o contexto onde aquele se insere. Pode ler mais sobre mim aqui: http://365coisasquepossofazer.blogspot.pt/p/acerca-de-mim-contactos.html.
E sim, sou ignorante como, presumo, todos nós, sobre muitas coisas nesta vida. E sinto-me imensamente grata por tudo o que tenho aprendido com outras pessoas sobre "estes assuntos ambientais", dentro e fora da blogosfera.
Obrigada pela recomendação sobre a "Economia Azul". Apesar de só ter lido uns pequenos artigos, não percebi a relação entre aquela (e sim, percebi a diferença entre a Verde e a Azul) e a minha decisão pessoal de deixar de comprar artigos confeccionados a partir de um recurso finito e poluente. Se me puder esclarecer sobre este assunto (de preferência sem utilizar violência verbal), agradeço-lhe.
Concordo em absoluto. Não é fácil, mas pelo menos tenta-se. Só tenho um pequeno problema. O meu marido insiste em trazer sacos das compras para casa porque, diz ele, são úteis para meter no caixote do lixo e evitar ter de comprar sacos propositadamente para esse fim. Já gastei os meus argumentos e nada parece funcionar. Sugestões?
ResponderEliminarÉ um tema delicado, esse dos sacos do lixo. Aconselho-a a ler os comentários deste post que escrevi sobre este assunto:
Eliminarhttp://365coisasquepossofazer.blogspot.pt/2010/02/utilizar-sacos-de-lixo-biodegradaveis.html.
Eu não trago sacos das compras (utilizo de pano e afins), mas mesmo assim acabam sempre por aparecer cá em casa e também eu os reutilizo para o lixo (se ler os comentários do post que referi vai perceber porquê).
Uma solução seria não colocar saco no caixote, mas para mim (e penso que para quem vive num apartamento) não é viável.
Aguardo a sua opinião!
Já tinha passado pelo post, pois procurava argumentação para enviar à minha cara-metade :)
EliminarNo entanto, não me parece viável deitar o lixo directamente para o caixote, pois vivemos num apartamento, acabando por ser manuseado pelo pessoal da recolha e entretanto a porteira era bem capaz de ter um ataque de nervos!
Pois, tenho o mesmo problema...
EliminarBoa tarde,
ResponderEliminarInteressante o seu ponto de vista. E já agora escapou-lhe a escova de dentes! Já pensou na quantidade de plástico proveniente de todas as escovas dentes que são deitadas fora? Para minimizar este impacto convido-a a visitar o Programa EcoEscovinha, projecto inovador que tem por objectivo a recolha e reciclagem das escovas de dentes em mobiliário urbano. É um projecto que conta com o apoio da Quercus e que a convido a visitar em facebook/Ecoescovinha.
Cumprimentos,
Mário Duarte
Não escapou, Mário, acredite. Está na minha lista - principalmente agora que não quero comprar mais plástico...
EliminarObrigada pela sugestão, parece-me um programa interessante! Vou visitar.
Boa semana!
olá, vi este vídeo e lembrei-me do teu post.
ResponderEliminarhttps://www.youtube.com/watch?v=KXusMpqm3WE
São tipo comprimidos para lavar os dentes. A embalagem é de cartão reciclado que por sua vez também pode ser reciclado quando acabar. Não tem plástico :)
Só não sei o preço disto.
Obrigada Joana, não conhecia e é uma ideia muito interessante!
ResponderEliminarHabitualmente faço a nossa paste de dentes (http://365coisasquepossofazer.blogspot.pt/2009/11/passar-usar-pasta-de-dentes-natural.html), agora ando à procura de uma solução para as escovas de dentes...
Boa semana!
Acho que a ideia de reduzir o plastico poderá ser interessante, mas esbarra com dois problemas.
ResponderEliminarO primeiro a questão das exigencias legais. É facil arranjar uma tábua de cozinha de madeira (http://www.ikea.com/pt/pt/catalog/products/90134948/), mas não pode ser usada em estabelecimentos comerciais pelo facto de ser porosa, e de utilização em utilização guardar resíduos, mesmo após lavagem. Imaginem comprar peixe numa caixa e terem uma farpa de madeira ou cheirode peixe podre.
A segunda são as alternativas. Se todos nós não utilizassemos sacos de plástico, electrodomesticos com peças de plástico,e outros exemplos, a exigencia sobre outros recursos, como metais, papel, seria tão elevado que teriamos de alterar de forma radical os nossos hábitos de vida.
Uma chamada de atenção, a listagem de plásticos presente no artigo é enganosa.
O PVC não é tóxico directamente. O problema é que se adicionam outras substâncias, estas tóxicas, para alterar as suas caracterisiticas (flexibilidade, estabilidade aos UV)cujos limites estão estabelecidos por lei e progressivamente são substituídos por alternativas mais verdes.
Os plásticos indentificados com o número 7 não são todos derivados do bisfenol-A. É tomar a parte pelo todo e informação errónea. O teflon, PTFE, é identificado com o número 7 e não utiliza bisfenol-A na sua sintese. Assim como as poliamidas (nylon), o polilactato que podem ser sintetisados a partir de matéria renovável.
Nem todo poliestireno utiliza retardantes para evitar/retardar a combustão. É novamente utilizar a parte pelo todo. Além disso esses compostos são utilizados com outros plásticos.
A minha opinião sobre o plástico? Utilizar com bom senso, promovendo a sua reutilização (vejam o continente com as caixas verdes para os legumes e frutas), e reciclagem (evitar mistura de plásticos que impossiblitem a sua reciclagem, limitar os tipos de plásticos disponíveis para o público).
Obrigada Jean, pelo esclarecimento sobre os plásticos e pela sua opinião!
ResponderEliminarQuanto à minha medida, e tal como digo no post, a ideia é reduzir não eliminar. Sou a primeira e admitir que estamos rodeados de plástico e a dar um exemplo dos seus prós (aqui no post...). Portanto sei que nalguns casos - e pelo menos para já - é a melhor solução. No entanto há muitas situações em que tal não se justifica. Incluindo no caso das tábuas de cozinha. Em minha casa não tenho que cumprir nenhuma legislação (e sempre tive tábuas de madeira) portanto prefiro continuar a fazê-lo (até porque no plástico também "saltam" lascas que podemos ingerir...).
Mais uma luzinha <3
ResponderEliminaristo fez me lembrar as bases de cozinha da minha mãe: uma pedra de xisto, outra de madeira duma caixa de vinhos :)
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