21 de novembro de 2009

21 - Preferir produtos "made in Portugal" - 560


Andei a fazer uma revista à nossa despensa. O saldo não parece assim tão negativo. Nenhum dos produtos de limpeza da casa e de higiene* é de origem nacional, é verdade... Mas quase todos os produtos de mercearia o são: arroz, farinhas, feijões, grão, soja e aveia (biológicas), tostas, iogurtes, cevada, a comida das gatas... Além de todos os frescos, claro.

Há alguns produtos que me levantaram dúvidas. Têm o 560 no início do código de barras, mas... produção de quinoa em Portugal? E de sementes de sésamo? Será?


Fui procurar informação e aprendi a diferença entre marcas portuguesas (origem e produção em Portugal) e produtos portugueses (fabricados em Portugal por marcas nacionais ou internacionais). No caso dos segundos a matéria-prima vem de fora do país e é transformada e/ou embalada cá.

Lembro-me de, em miúda, a minha mãe nos comprar meias numa pequena fábrica "de garagem" perto da escola onde dava aulas, na Maia. Tinha um ar bastante clandestino... As meias vinham de França para nelas serem bordados, por operárias portuguesas, os logotipos de grandes casas francesas. Depois voltavam para França para serem vendidas a preços altíssimos. Imaginem os custos (económicos e ambientais) de todas as viagens necessárias para fazer um par de peúgas Pierre Cardin...

Provavelmente a minha quinoa vem de algum país da América Latina, é embalada em Portugal e, só por isso, já tem o código começado por 560.

Ora, sem discutir os motivos e benefícios económicos, "ambientalmente falando", há uma grande diferença entre marcas portuguesas e produtos portugueses. O consumir nacional, consumir local, prende-se, aqui, principalmente, com a intenção de reduzir a poluição provocada pelo transporte dos produtos que consumimos. Marcas portuguesas poluem, em transporte, (bem) menos do que produtos portugueses. Mas como distinguir entre ambos? Nada, nas embalagens, faz distinção entre o que é genuinamente português e o que é "misto"! Há marcas portuguesas certificadas mas, e as outras? A maior parte do produtos 560, de marcas menos conhecidas ou marcas "brancas", dizem produzido na U.E. e tem uma morada portuguesa de distribuição.

A juntar a este problema deparei-me também com outra dúvida ambiental. O que é melhor o nosso fermento Royal ou um fermento biológico (sem fosfatos) francês?...

O que pesa mais, em termos ambientais, a poluição provocada pelo transporte com recursos a combustíveis fósseis, ou a degradação dos solos (e contaminação das águas) de uma agricultura não biológica?

Ajudem-me!

Para já vou-me ficar pelos 50%/50%, vou comprando tanto marcas portuguesas, como produtos portugueses e estrangeiros, desde que biológicos.

E ainda só estou a tratar (apesar do exemplo das peúgas) de produtos alimentares, de limpeza e de higiene...

E, apesar de já ter esse cuidado há uns bons anos, estando atenta às listas que vão saindo, ainda tenho que aprofundar a questão dos testes em animais (critério que para mim ultrapassa o nacional/local): é difícil comprar produtos realmente não testados em animais!

Este assunto ainda vai precisar de mais umas etapas!

* Já há algum tempo que os produtos de higiene cá em casa são da Oriflame, marca sueca que não testa em animais.

4 comentários:

  1. No tal livro de que te falei, explica sobre isso, a comparação entre produtos bilogicos, nacionais ou importados, de estufa ou ao ar livre, e é interessante apercebermo-nos que por vezes é preferível um produtos fazer uma viagem de avião até nós do que crescer aqui ao pé da porta dentro duma estufa que energéticamente é mais dispendiosa e poluidora.

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  2. Olá Ema:
    Como Engenheira do Ambiente e pessoa acostumada a estas coisas, devo-te dizer que esta história das marcas Portuguesas faz-me lembrar a história da separação do lixo. Está provado por razões óbvias que quem não tem um ecoponto/ecocentro perto de casa polui muito mais a deslocar-se ao mesmo para separar o lixo comparativamente a não separ o lixo e colocá-lo no contentor junto dos resíduos orgânicos. Devo dizer que por vezes não devemos mesmo comprar produtos biológicos, quando a sua origem é longínqua, uma vez que serão piores para o nosso planeta as emissões resultantes do seu transporte do que o uso de pesticidas e outros agentes quimicos no solo pela parte dos produtos não biológicos. Esta é uma escolha que deve ser feita com calma, lendo atentamente o rótulo, origens de produtos e até mesmo produtores. A defesa do ambiente é também hoje em dia questão de markting para muitas empresas, portanto sugiro que estejamos atentos. Optar sempre por mercearias de bairro, isso sim parece me a escolha acertada.... Mas saboroso, saudável e ambientalmente amigo!
    Beijinhos,
    Joana Valente

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  3. Olá Ema!
    Antes de mais, parabéns pelo teu blog, que adoro. Para te ajudar a decidir entre comprar local não verde e importado mas verde deixo-te ainda mais uma dica: considera também o impacto economico. Comprar local significa defender a nossa economia, de cada país. É algo em que penso muito porque criar um produto ou uma marca é muito difícil. Claro que entretanto também podes pensar que se comprares verde importado, fazes pressão sobre os produtores e marcas nacionais para mudarem. Não sei qual é a melhor opcão mas eu já escolhi não comprar verde importado. Concordo mto com a Joana quando afirma que o rótulo verde é mto mto marketing! E em breve haverá gigantes de produtos verdes - cmo spr acontece com tudo o que é bem sucedido - a arruinarem com producoes locais mais interessantes, e haverá também provavelmente muita fraude!... Bem, boa sorte! :) beijinhos, Ana (se quiseres vir ver como está a ecologia na Finlândia diz!)

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    1. Obrigada Ana, pelo apoio e pelo convite (como sonho com um natal branco, a Finlândia seria um dos países ideais, não?...)!

      É verdade, desde que escrevi este post, e cada vez mais, procuro comprar o mais local possível. E muitas vezes opto por soluções caseiras ou artesanais, quando nenhuma das encontradas no mercado convencional me satisfaz.
      E sim, também me tenho deparado com muitos produtos verdes "inflamados" (como gosto de dizer): parecem muito ecológicos, mas quando chegamos às letrs pequeninas...
      Beijinhos

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