15 de fevereiro de 2010

107 - Aderir ao bookcrossing e "libertar" livros


Há uns anos, ainda antes das redes sociais e mesmo da proliferação dos blogs, um amigo meu, o Pedro, teve a ideia de fazer uma biblioteca virtual, entre os amigos. Quem queria participar, inseria, num ficheiro excel que ele criou, os livros que queria emprestar e este ficheiro circulava, via email, entre todos. Se estava interessada num livro, enviava um email ao respectivo dono e requisitava-o. Na altura acho que ninguém pensou em usar o correio, por isso a entrega dos livros dependia de estarmos uns com os outros.

Era uma óptima ideia, mas não teve muito sucesso.

Agora já há blogs com o mesmo propósito, usando o correio e funcionando em cadeia. Há também sítios onde é possível alugar livros. E claro, sempre houve a requisição de livros nas bibliotecas públicas, a que eu voltei a aderir.

Mas há uma ideia que, para mim, "bate" todas estas. O bookcrossing. Uma ideia simples: mais do que emprestrar, vamos dar, "transformando o mundo inteiro numa biblioteca", "libertando" livros em espaços públicos, programados para isso ou não, permitindo que um mesmo livro seja lido por imensas pessoas, em vez de ficar na nossa estante... E podemos, em princípio, saber por onde ele anda, assim como um filho que vai para longe mas vai escrevendo!


É uma óptima maneira, além de tudo o mais, de trabalharmos o nosso (des)apego às coisas. Eu nunca tive problemas em emprestar livros (mesmo tendo ficado sem alguns) mas descobri que realmente é um problema para muitas pessoas. Agora vou trabalhar a parte de saber, à partida, que vou "ficar sem"o livro"...

Escolhi o meu primeiro livro (um de que gostei, claro, mas confesso que ainda não consegui "libertar-me" de um dos meus preferidos) e registei-o no site internacional (descobri que até já me tinha lá registado há uns anos, mas nunca tinha posto em prática a intenção...). Existe um site português, mas é de apoio, o registo tem que ser feito no internacional. Automaticamente é-me dado um número, o BCID (o meu é o 603-7812470, se quiserem saber qual o meu livro), que me vai permitir, e a quem ler o livro, acompanhar o percurso do mesmo. Depois podemos descarregar e imprimir uma etiqueta que identifica o livro e explica, resumidamente, o que é o bookcrossing ou, o que eu fiz (por achar mais ecológico) escrevê-lo no próprio livro (algo que não me incomoda nada, pois aprendi, com o meu pai, que os livros também são para isso...).


Desenhei, então, o símbolo do bookcrossing e escrevi o seguinte texto:

"Querido leitor,
não estou perdido, sou um livro livre e gratuito. Leve-me, leia-me e depois liberte-me! Se ficou com curiosidade, vá a www.bookcrossing.com e descubra como transformar o mundo inteiro numa biblioteca. Se quiser saber por onde já andei, o meu bcid é o 603-7812470.
Obrigado".

E estou pronta para lançar o meu livro no mundo. Podemos fazê-lo numa das crossing zone existentes, já há várias em Portugal, mas acho que, como é a primeira vez, prefiro fazê-lo da maneira original: deixá-lo algures, num local público.

Estou tão entusiamada com estas ideias de reutilizar livros que vou montar no espaço que temos (dedicado à motricidade e desenvolvimento humano) uma pequena biblioteca e, se der, também uma crossing zone.

Agora vou ali libertar o meu primeiro livro e volto já...

5 comentários:

  1. Já fui uma Bookcrosser muito activa, mas como os meus livros nunca eram apanhados, ou pelo menos nunca ninguém os registava no site, acabei por desistir dessa variante e dedicar-me aos Bookrings. Estou há anos em certas listas de espera e perdi alguns livros nos Bookrings que eu própria criei, mas com isso aprendi a não ser tão apegada às coisas e a tirar partido do prazer que é partilhar com outros aquilo de que gostamos.
    Boas partilhas! :)

    (tenho ver se volto a ser mais activa no BC...)
    Mónia

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  2. :-( tenho de reconhecer aqui a minha incapacidade de partilhar no que diz respeito a livros...acho que eles são a única coisa que não gosto de emprestar. Os meus livros são a minha vida, pedaços de mim. Sem eles não poderia viver e, por isso, neste campo nunca serei desapegada...
    Sorry...

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  3. Para mim há livros que é importante guardar, porque se quer voltar a ler ou porque se quer dar mais tarde a um filho ou a um neto ou a alguém especial, mas de uma forma geral os livros são para voltar a pôr a circular para que possam ser lidos por mais pessoas.
    Há dois anos dei cerca de 700 livros que tinha e que achava que não ia voltar a ler e inscrevi-me na biblioteca do CCB, em Lisboa, para ler sem estar sempre a comprar.

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  4. Parabéns pelo blog e excelente temática!

    Eu sou uma Bookcrosser activa.
    Inicialmente pensava como a "Vera", mas ao longo do tempo fui percebendo que só conseguia ganhar com este gênero de trocas.
    Eu consegui ler muitos mais livros do que aqueles que emprestei e ainda não voltaram! Portanto o saldo é sempre positivo.
    Os livros que não sou capaz de perder não os dou para ring (empréstimo)!
    É simples!
    Além disso também não consigo deixar de ir um dia ao fórum português do Bookcrossing.
    Já conheci imensa gente e falamos sempre sobre assuntos actuais e interesantes.

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  5. Obrigada "Brisa do mar" pelo carinho!

    Pois é, é algo que podemos/devemos trabalhar: o desapego!

    Também já fui assim, Vera, mas experimenta (com um que talvez não gostes tantos?...). Se resultar continuas se não... ao menos tentaste!
    Porque o importante é sentirmo-nos bem com as nossas opções, claro!

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