17 de março de 2010

137 - Substituir as lâmpadas incandescentes por fluorescentes compactas (?)


Quando experimentei usar menos lâmpadas no nosso candeeiro da sala, como forma de reduzir a utilização de iluminação artificial, já tinha começado a procurar mais informação sobre os vários tipos de lâmpadas (até já tínhamos substituído a lâmpada incandescente do candeeiro de uma das mesinhas de cabeceira por uma - oferecida por uma revista... - economizadora/fluorescente compacta).

Cá em casa temos:

lâmpadas de halogéneo (com um funcionamento semelhante ao das lâmpadas incandescentes, mas com a vantagem de "conseguirem recuperar o calor libertado pela lâmpada, reduzindo a necessidade de electricidade para manter a sua iluminação": produzem mais luz com a mesma potência e com o dobro da duração e emitem uma claridade constante), no candeeiro da sala;

fluorescentes tubulares, que já existem há muitos anos ("emitem aproximadamente a mesma luz que uma lâmpada incandescente convencional, gastando menos 80 por cento de energia"), na cozinha e casa-de-banho;

e incandescentes, as, agora, mais mal amadas (e que segundo o mesmo site "são indicadas para locais em que a iluminação é necessária por curtos períodos de tempo. Nessas situações consegue-se que tenham um período de vida mais longo, pois o desgaste do filamento pelo calor gerado na lâmpada é menor, não justificando o investimento numa lâmpada mais cara", ainda que sejam as de mais baixa eficiência energética).

São as incandescentes que devemos, segundo opinião generalizada, substituir pelas famosas fluorescentes compactas (que permitem poupar 80% de energia, reduzindo assim, em muito, as emissões de dióxido de carbono).

Fui comprar uma lâmpada fluorescente compacta (LFC) para o candeeiro da outra mesinha de cabeceira, mas ainda não estava convencida.

Não tanto que não seja mais económica em termos energéticos (pelo sim, pelo não - até porque encontrei muitas pessoas descontentes com o tempo de duração destas lâmpadas - guardei a embalagem, onde diz que "esta lâmpada tem um tempo de vida útil estimado em 6000 horas", e nela escrevi a data de início de utilização..., ), mas que seja, realmente, a melhor escolha a nível ambiental.

A minha primeira dúvida apareceu quando encontrei informação sobre o que fazer se uma lâmpada fluorescente se partir:

1 - ventilar a divisão onde estiver, abrindo todas as janelas;
2 - proteger as mãos com luvas de borracha e a boca com uma máscara;
3 - com muito cuidado colocar as peças maiores num contentor com tampa. Preferencialmente um de vidro com tampa de metal;
4 - apanhar as peças pequenas e o pó com dois pedaços de papel duro;
5 - deitar os vidros, o pó e o papel no contentor;
6 - usar qualquer tipo de fita adesiva para limpar a zona onde a lâmpada caiu;
7 - limpar de seguida com um pano húmido ou com papel de cozinha para apanhar todas as partículas;
8 - colocar tudo, fitas, panos e partículas no contentor, tapá-lo e etiquetá-lo;
9 - levar o contentor ao ecocentro mais próximo ou telefonar à câmara para o remover.

Assusta, não? (e a mistura de materiais diferentes que vão todos juntos para o ecocentro. Serão reciclados?)

Está bem, também é preciso ter cuidado com as outras lâmpadas, mas não tanto assim!
(Será exagerado?...)

O que têm dentro???

Mercúrio (todas as lâmpadas fluorescentes o contêm), cerca de 5mg (500mg contêm os termómetros antigos). No site da eco.EDP, que esclarece algumas dúvidas e "preconceitos" sobre as LFC, afirmam que apesar de conterem mercúrio, estas lâmpadas "contribuem para a redução de mercúrio no ambiente uma vez que, consumindo 80% menos energia que as lâmpadas incandescentes vulgares, requerem a produção de menos energia eléctrica – o que representa uma das maiores fontes de mercúrio no ar em consequência da queima de combustíveis fósseis".
Mas, pelos vistos, os trabalhadores chineses que as fazem (pelo menos uma grande parte delas), estão a ser envenenados, pois têm que manusear o mercúrio durante o processo de produção das lâmpadas...

Outra informação que me chamou a atenção: emitem raios ultravioleta.

A "radiação ultravioleta, a cintilação dos campos electromagnéticos e a luz azul" que emitem constituem risco de agravamento de doenças ligadas à fotossensibilidade, segundo a coordenadora da Eco-casa (na Visão de 5 de Novembro de 2009 - especial edição verde), facto este reiterado pela eco.EDP, que à pergunta "podem as lâmpadas economizadoras provocarem cancro?" diz que "este risco só se aplica a um grupo restrito de pessoas. (...) A agência de Protecção de Saúde do Reino Unido (HPA) realizou um estudo que revelou que uma LFC emite radiação ultra-violeta (UV) que pode ser prejudicial, apenas se ficarmos junto de uma LFC com uma distância de 2 centímetros ou menos, durante 2 horas, todos os dias"...


E foi por esta altura que, ao ler a revista Courrier internacional de Março de 2010 (emprestada pela minha amiga Isabel, que partilha as suas revistas comigo), dei com um artigo com o seguinte título:

"Verdes por fora, poluídas por dentro"

Primeiro parágrafo: «Algumas tecnologias "verdes", desde os automóveis eléctricos aos geradores eólicos, passando pelas lâmpadas de baixo consumo, utilizam uma família de metais pouco comuns: as "terras raras" (da Tabela Periódica dos Elementos). O mundo depende cada vez mais delas. O problema é que provêm quase exclusivamente da China e são extraídas por um das indústrias mineiras mais perniciosas para o ambiente, ainda por cima dominada por organizações criminosas.»

??????!!!!!!!!

Pois é, um desses elementos, o térbio, é usado nos fósforo das lâmpadas fluorescentes. Com o aumento da produção deste tipo de lâmpadas, aumentou a procura deste e as suas consequências são já visíveis: «onde outrora havia socalcos de arrozais ver-esmeralda, agora há encostas ressequidas, cobertas de cicratizes de argila estéril. Para extrair aqueles metais raros (...) os operários raspam o solo e deitam para fossas a argila salpicada de ouro que recolheram. Despejam lá para dentro solventes (frequentemente ácidos concentrados) para extrair as terras raras. Deste processo resultam compostos tóxicos que se infiltram no solo, contaminando cursos de água, destruindo arrozais e explorações piscícolas e poluíndo os lençóis subterrâneos.»
Nas jazidas abandonadas (esgotadas ao fim de três anos de exploração intensa), dez anos depois, ainda ninguém conseguiu voltar a plantar arroz...

A China produz 99% do térbio utilizado em todo o mundo!

Acho que vou ficar à espera de uma tecnologia LED mais acessível. Estas lâmpadas são ainda mais economizadoras que as compactas e não parecem ter componentes tão prejudiciais. São já apelidadas de "lâmpadas do futuro".

Entretanto, desculpem-me os defensores das LFC, mas acho que durmo mais descansada continuando a usar as velhas incandescentes (ou alterando os meus candeeiros para poderem suportar lâmpadas de halogéneo... Será possível?), até porque são os candeeiros que menos são utilizados.

A não ser que encontre fluorescentes compactas que não sejam fabricadas na China e que digam que o óxido de térbio usado na sua fabricação é de origem sustentável...

9 comentários:

  1. Não fazia ideia deste facto!É chocante!A questão do green washing mantém-se cada vez mais actual.As marcas esquecem-se é que os consumidores têm cada vez mais força e podem divulgar estas barbaridades.
    E eu que sempre fui fã das lâmpadas fluorescentes compactas...

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  2. Bom dia dia Ema. Era só para dizer que estou em estado de choque ao ler este teu artigo... não fazia a mínima ideia, que as LFC tinham esse impacto... Muito obrigado por transmitires o teu conhecimento. Um bem haja.

    Pedro Quintela

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  3. Pois é Pedro, eu também fiquei assim!
    Obrigada pelo carinho.

    Boa semana!

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  4. Bom dia.
    De facto não acho as LFC sejam óptimas para todas as aplicações. Neste exaustiva e esclarecedora exposição só falta dizer que se as desligarmos qd ainda não chegaram ao rendimento máximo (demoram 60s-120s a acender)o seu tempo de vida diminui drasticamente e nem compensa monetariamente.

    Por isso, optei pelos LED's em grande parte dos candeeiros. É de facto (ainda) difícil arranjar lâmpadas de LED potentes e +- acessíveis mas começam a aparecer iluminarias completas já com leds incorporados. Como as lampadas LFC boas (10 000h, rápidas a acender, algumas até são dimáveis)também são caras, se juntarmos o preço do candeeiro (iluminaria) depressa chegamos aos preços destas novas iluminarias.
    Não querendo entrar pelas publicidades, a philips tem uma gama completa com +70 iluminarias. Para mim são as mais em conta, e com uma qualidade também boa: http://www.consumer.philips.com/c/ledino-luminaires/35222/cat/gb/

    Outras marcas mais elitistas no design também têm bastante iluminarias com LEDS mas na philips podemos ver o compromisso deles na nova tecnologia LED em vários produtos.

    Cumprimentos
    Vitor

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  5. Obrigada Vitor, pelos esclarecimentos e informações tão úteis!
    Uma boa semana.

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  6. eu acho isso uma palhasada,
    ja tenho anos na minha casa e ate hoje nao me ecomodei com isso.
    pois nao se encomtra mais nenhuma lampada fabricada no brasil.
    nao desfavorecendosuas informaçoens

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Cada um de nós tem (felizmente) direito à sua opinião e poder de decisão. O importante é claro que essa(s) decisão(ões) seja(m) consciente(s) e informada(s).
    Eu, depois de ter descoberto o que aqui publiquei, não sou capaz de fazer uma compra sabendo que, com ela, estou a prejudicar outras pessoas e/ou o ambiente.

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  9. Gostei muito do artigo, realmente ha coisas q nao nos informam, nós temos "q tirar da cabeça" como aquilo de continuar a usar as lampadas normais em sitios "de passagem".
    Cá em casa apenas uso das outras quando se está mais de meia hora na divisao, pois tambem com menos tempo de uso nao se tira o rendimento todo da lampada.
    abraço
    rosamaria

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