20 de março de 2010

140 - Aprender a fazer compostagem caseira


Hoje de manhã fui aprender, na Horta da Formiga - centro de compostagem caseira, a fazer compostagem (gostei desta definição: "a compostagem é um processo biológico através do qual microrganismos e insectos decompõem a matéria orgânica numa substância homogénea, de cor castanha, com aspecto de terra e com cheiro a floresta - o composto).

Apesar da Lipor abranger apenas 8 municípios (Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa de Varzim, Valongo e Vila do Conde), qualquer pessoa, de qualquer zona de Portugal pode vir, gratuitamente, aprender algumas técnicas e dicas que nos ajudam a implementar este processo em casa. Nem de propósito, no nosso curso, estava um senhor emigrado nos EUA, que tirou férias para vir aprender a fazer compostagem (e mais uns cursos organizados pela Horta da Formiga)! Fiquei com pena de não lhe ter perguntado se do outro lado do ocenao não fazem compostagem...

A minha maior lição foi logo ao início, quando a formadora nos disse que cada habitante dos 8 municípios da Lipor produz, por dia, 1,4 kg de lixo. E que 40% desse lixo é orgânico. E que o saco de lixo que deitamos no contentor dos indiferenciados vai directamente para incineração ou (quando a fábrica está fechada para "limpeza", de modo a que a poluição gerada seja o mais baixa possível) para o aterro. Como, depois disto, não me sentir culpada se não fizer compostagem?!

Apesar de termos tido uma pequena parte prática, onde vimos vários tipos de compostores e um passo-a-passo de uma visita diária ao "nosso" compostor... a formação é essencialmente teórica, até porque não tem assim tanto que saber, e as questões e dúvidas vêm com a prática.

O compostor
As pessoas que pertencem aos 8 municípios podem trazer, gratuitamente, um compostor (como o da imagem), inseridos num projecto chamado Terra à Terra, desenhado especialmente para os centros urbanos, onde as pessoas têm pouco espaço exterior. O senão é ser em plástico...


O melhor, segundo a Cristina (a formadora) são quatro palletes ao alto. Também pode ser construído com tábuas de madeira, rede ou ser apenas uma pilha no chão.


Informação muito importante, todos (excepto um modelo caríssimo e enorme) têm que estar pousados na terra, para haver escoamento de água e circulação de bichinhos essencias para a compostagem. Má notícia para mim, e mais umas quantas pessoas, que vivem em apartamentos...

Como fazer
Depois de instalar ou montar o compostor num cantinho (de preferência que seja sombreado no Verão) do jardim ou quintal, devemos fazer uma cama de ramos no fundo, para ventilar e escoar melhor a água. Depois vamos fazendo camadas alternadas (tipo "sandes mista", nas palavras da Cristina) de verdes (ricos em azoto) e castanhos (ricos em carbono).
Verdes - restos de cozinha (legumes, fruta, cascas, sacos de chá (!), borra de café, casca de ovo), relva fresca, flores, estrume;
Castanhos - palha (o melhor "castanho" e que se pode comprar por 3€ o fardo, nas cooperativas agrícolas), folhas secas, ramos finos, cartão e papel - sem químicos - em tiras, algas (lavadas e secas), serradura e aparas de madeira sem tratamentos.

De quinze em quinze dias deve-se revirar a pilha e, no Verão, regar para manter um bom nível de humidade (ao agarrarmos uma mão cheia de composto, este deve soltar-se mas deixar a mão "suja").
Posso assegurar que não cheira mal (se cheirar é porque não está a ser bem feito).

Quando o compostor ficar cheio continua-se a revirar e a regar, se necessário, e quando o composto estiver homogéneo, retira-se do compostor e coloca-se numa pilha no chão a maturar (vimos um compostor tripartido: 1 compartimento para composto a ser processado, outro para o que está a maturar, e outro pronto): como já não têm nada para comer os bicinhos vão todos à procura de nova casa e a temperatura (que dentro do compostor pode chegar acima dos 65ºC) estabiliza-se.
Passado algumas semanas está pronto para nutrir o jardim ou quintal (se não estiver homogéneo, porque colocámos detritos de difícil compostagem, deve-se crivar o composto)!

O que não colocar no compostor
Não problemáticos (mas depois têm que ser retirados...) - vidro, plásticos, têxteis, papel plastificado, ...;
Perigosos - dejectos de animais domésticos, pilhas, tintas, químicos, madeira tratada, medicamentos, ...;
Problemáticos - folhas resistentes (degradação lenta e/ou acidez), alimentos cozinhados, de origem animal e gordura (atraem ratos, moscas, cães, gatos).

Trouxe o meu compostor e vamos colocá-lo no jardim da casa dos pais do Zé Manel (que fica perto do nosso espaço, e onde passamos todos os dias) e para já vou passar a levar, no baldinho (plástico...) que nos deram na formação - especificamente para este fim - os "nossos" desperdícios orgânicos. Cheira-me que, muitas vezes, o balde (como o da imagem) não vai ser suficiente para os restos de um dia...


Obviamente que esta solução não é muito prática e como não temos intenção de comprar este compostor de interior (na horta da formiga têm um idêntico a ser testado, mas maior, próprio para ser colocado nas casas de lixo de edifícios de habitação colectiva), o passo seguinte é experimentar a vermicompostagem (que pode ser feita numa varanda). Apesar da Cristina não ser muito adepta (diz que a escuridão e a humidade fomentam a criação de fungos que depois passam para as plantas onde usamos o vermicomposto), não perco nada em experimentar.

Por isso, em breve, terão notícias dos nossos novos animais de estimação: as minhocas!

16 comentários:

  1. Eu pensava que dava para ter um compostor na varanda, como a Vanessa! Queria dedicar-me a isso quando o tempo melhorasse (e a minha disponibilidade também). Mas agora já não me parece tão viável... :(

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  2. A Vanessa tem um vermicompostor...
    eu também pensava que podia fazer compostagem na varanda, mas já estou a tratar do assunto da vermicompostagem e depois faço um post!

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  3. Interessante - gostei de aprender algo mais!!

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  4. Pois era, com minhocas.... mas a ideia de ter minhocas em casa não me soa lá muito bem :S

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  5. Viva, Ema!
    Gosto muito do seu blog, li hoje vários posts, pois até agora conhecia apenas a página do facebook da qual já me tinha tornado fã há algum tempo...
    Comento para partilhar algumas coisas, como:
    -Engraçada a inspiração ter surgido da leitura do livro "Dormir nú é ecológico"_ a primeira vez que ouvi falar deste livro foi ao ler um dos muitos posts do blog de uma amiga, também vegetariana, o "Publicar para Partilhar", na blogspot, blog dedicado à partilha de receitas vegetarianas e de informação sobre formas de diminuirmos a nossa pegada ecológica (ela escreve ainda artigos para um jornal local sobre reciclagem), compostagem, "hortas de varanda" e foi ainda no seu blog que ouvi falar pela primeira vez do "bookcrossing", do qual é adepta e pratica. Também uma outra amiga, dedicada à divulgação do homeschooling e do unschooling, no seu blog "Aprender Sem Escola", também blogspot, em muitos posts fala de compostagem, da criação de uma horta na cidade alugando um terreno por um valor simbólico à câmara municipal que tem esse serviço tão motivador, de algo parecido com o banco do tempo (uma "moeda local" que permite troca de serviços não só "contabilizados em termos de tempo", o que permite ainda a troca de produtos, adepta ainda do freecycle...
    - Sou vegetariana há cerca de 11 anos, por razões éticas, gosto de praticar yôga (pratico há pouco tempo) e não foi o ser adepta das causas ambientais que me levou ao vegetarianismo, mas um pouco ao contrário, o respeito pelos animais que me foi orientando até às medidas mais ecológicas, como o ter deixado de comprar produtos testados em animais, por exemplo; tenho 45 anos, sou mãe de três filhos (com 24, 19 e 6 anos), o mais novo é vegetariano desde sempre (desde a concepção), nasceu na água e sobre essas experiências, colaborei com o centro vegetariano dando uma entrevista ("entrevista a mãe vegetariana");

    Muito obrigada pela sua iniciativa, dedicação e partilha! É bom irmos conhecendo todas estas práticas em que cada um se vai empenhando no sentido de uma transformação pessoal, pois a transformação "colectiva" numa sociedade mais sustentável e equilibrada é feita de cada acção individual e é sempre bom sentirmos que vamos sendo cada vez mais os que vão pondo em prática várias das muitas acções transformadoras possíveis!
    Um abraço
    Isabel

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  6. Aprendi imenso neste Post, mas ando sempre aqui a ver se há novos :) para qdo mais eco-ideias?

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  7. Pois é, Rosarinho, problemas técnicos!
    Mas já cá estou de volta.

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  8. Olá Isabel,
    antes de mais obrigada pela partilha da sua inspiradora experiência!
    Também já troquei impressões com a Rute, do "Publicar para Partilhar" (um óptimo blog). Como o mundo é pequeno (um lugar comum mas bem verdadeiro...)!
    Também temos em comum (além do yoga e do vegetarianismo) a razão que nos levou a deixar de comer carnes: o sofrimento dos animais. Só depois é que descobri os benefícios ambientais.
    Obrigada pelo carinho, e espero que nos encontremos, por aqui, mais vezes.
    Beijinhos,
    Ema

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  9. Ora aqui está algo que me interessa para um futuro proximo.
    Obrigada!

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  10. Ola!

    Um amigo meu composta o resultado da vermicompostagem 2x (ou seja, deixa-o amadurecer bem). Talvez isso solucione o problema dos fungos.

    Ana

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  11. Obrigada pela dica Ana.
    Este mês também vou aprender a fazer vermicompostagem!

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  12. OLÁ EMA..
    ADOREI AS DICAS, E O SEU BLOG..
    QUANTO A COMPOSTAGEM, ESTA TAMBÉM PODE SER FEITA NA VARANDA E EM APARTAMENTOS..PARA ISSO EXISTEM OUTRAS ALTERNATIVAS..
    VOU PASSAR O LINK PARA QUE VOCÊ POSSA CONFERIR..
    http://lixo3.blogspot.com/2010/07/o-projeto-minhocasa-e-uma-iniciativa.html

    ESTE PESSOAL FABRICA COMPOSTEIRAS PARA QUEM NÃO TEM QUINTAL EM CASA...É MUITO LEGAL..

    ABRAÇOS

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  13. Olá Ranieli,
    obrigada pelo apoio!
    Engraçado, ainda há pouco "postei" sobre a vermicompostagem, pode ver aqui: http://365coisasquepossofazer.blogspot.com/2010/07/http365coisasquepossofazerblogspotcom20.html
    Obrigada, de qualquer maneira, pelo link!
    Também podemos nós fazer o vermicompostor (como explico no post), tem sempre outro valor!
    Bom resto de semana!

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  14. Estive hoje na Horta da Formiga a aprender a fazer compostagem, mas também vivo num apartamento e não é viável. Estou tentada a fazer vermicompostagem. Ainda tens as minhoquinhas? Como está a correr?

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  15. É, num apartamento tem mesmo que ser vermicompostagem. É um processo que melhora com a prática... No balanço deste mês (no último dia) vou falar sobre o decorrer da minha vermicompostagem. Fica atenta, etá bem?

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  16. Fico a aguardar! Ainda não sei se hei-de fazer, por aqui o tempo anda escasso, ainda mato as minhocas de fome, eheh.

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Obrigada pela sua visita e pelo seu comentário!
Nem sempre respondo aos comentários, visto este já não ser um blogue activo.
Se precisar de me contactar faça-o através do email awondrousday@gmail.com.
Obrigada e um boas mudanças verdinhas!