26 de maio de 2013

214 - Recuperar as colheres de pau existentes ao invés de comprar novas


Continuo a usar - e a gostar - de colheres de pau (e não sou só eu). Mesmo que não fosse pela minha decisão de evitar novos objectos de plástico, não trocaria uma bela colher de madeira por uma de plástico.

No entanto, nos últimos tempos, tenho reparado que algumas das minhas colheres estão com um aspecto... bom... como hei-de dizer... pindérico. Deixei de as usar, andava a ver como as podia reutilizar e na minha lista dos "a fazer" constava "comprar colheres de pau".


antes

Até que, no meio dos meus apontamentos, encontrei uma dica (não registei a fonte) sobre impermeabilizar colheres de pau. Por associação de ideias (ando a recuperar uns móveis de madeira) também me lembrei de experimentar lixar as colheres a ver se ganhavam nova cara e... voilá! As duas coisas juntas transformaram as minhas colheres pindéricas... numas belas colheres rejuvenescidas!


depois

Como o fiz:
- lavei bem as colheres (estavam abandonadas há algum tempo) e deixei-as secar bem;
- lixei-as com lixa fina para madeira;
- coloquei, ao lume, um tabuleiro (porque não tenho nenhum tacho onde as colheres maiores caibam "deitadas") com vinagre branco suficiente para cobrir as colheres;
- quando o vinagre começou a ferver, submergi as colheres e mantive-as ao lume durante 10 minutos;
- retirei-as, deixei-as secar e pronto!

Fácil, não? Hei-de experimentar com as tábuas de cozinha...

Nota: podem impermeabilizar só a parte da colher que entra em contacto com os alimentos.
Outra nota: as colheres de pau - habitualmente -devem ficar ao ar (de preferência onde sejam banhadas pelo sol), e não guardadas numa gaveta ou noutro local com pouca ventilação (como as bactérias gostam).

E se as vossas colheres estiverem num estado tal que não permita recuperação, aqui ficam algumas (muitas mais há) ideias para lhes darem uma nova vida:





9 de maio de 2013

213 - Evitar comprar artigos em plástico


As nossas casas estão cheias de plástico. A vossa não?!... Experimentem fazer o que fiz. Percorri o nosso apartamento (cerca de 70 m2) de papel e lápis em punho e fui registando os objectos que contêm - na totalidade ou em parte - algum tipo de plástico.

Na cozinha e lavandaria, os electrodomésticos têm todos partes em plástico, do frigorífico à máquina de sumos. Os candeeiros de tecto tem plástico. As bacias, baldes, o apanhador e respectiva vassourinha, o espanador, são de plástico. O ecoponto tem partes em plástico (...), as caixas da areia das gatas são de plástico. As suas taças para a comida também... A quase totalidade das caixas para guardar alimentos - vulgo tupperware - são de plástico. As que são de vidro, têm a tampa... de uma espécie de plástico. As cuvetes de gelo, partes das garrafas térmicas, as colheres medidoras, o germinador, até as tampas das garrafas de alumínio para a água, são de plástico. A minha bicicleta, os nossos patins, algum calçado, têm partes em plástico.

Na casa de banho, a cortina do chuveiro é de plástico, os suportes e base do espelho do lavatório, partes das torneiras e do chuveiro são de plástico. O autoclismo, peça de museu, da marca Dilúvio (com este nome imaginem se não lhe tivéssemos reduzido o volume e colocado um contrapeso, para controlar as descargas...) é de plástico. Há frascos e embalagens de plástico, embora muito menos do que antes deste desafio e muitas delas já reutilizadas várias vezes. 

Na sala e no escritório, os  aparelhos (televisão, dvd, portáteis, impressora, discos externos, ...) são, em grande parte, de plástico, todos os candeeiros têm partes em plástico (nem que seja os fios e o interruptor...). O mesmo com o aquecedor a óleo. Há marcadores (e respectivas caixas) de plástico, as pastas tamanho gigante onde guardo desenhos e folhas são de plástico, telemóveis e carregadores contém plástico, a minha máquina fotográfica e acessórios... plástico. Quase todas as capas de cd e dvd são de plástico (apesar de os termos deixado de comprar).

No nosso quarto há menos plástico. Além dos casos referidos no parágrafo seguinte, encontro plástico no rádio do zé manel, na balança, no espelho de rosto e nos óculos de sol. Ah, e na bijuteria!...

Pela casa toda, tomadas, interruptores, cabos e fichas eléctricas, os temporizadores, partes dos estores interiores, são de plástico. Os estores exteriores são de plástico. As campainhas, na entrada do prédio, são de plástico.

E tenho a certeza que deixei escapar algumas coisas... Até porque há muito plástico "escondido"...

A nossa vida, para além da nossa casa, está cheia de plástico. E até parece positivo, nalguns casos: por exemplo, devido ao facto de uma parte dos componentes de um automóvel actual serem de plástico há menos gasto de combustível, logo menos emissões de CO2. E parece que os painéis solares são feitos de plástico...

O plástico é resistente, durável ("eterno"), maleável, ..., bonito, barato. Sim, eu bem sei... com todas as suas cores vivas, o plástico pode ser muito apelativo...

Mas... por ser eterno, não se (bio)degrada, perturbando os ciclos naturais. Já todo vimos imagens do que acontece, por exemplo, a animais marinhos que ingerem plástico. Podem rever algumas aqui, através do trabalho do fotógrafo Chris Jordan. E se forem à praia - no inverno (porque no verão são limpas) - na maré baixa...

fotografia de Jurnasyanto Sukarno

Resumidamente (podem ler mais aqui, aqui) o fabrico do plástico (a partir do petróleo) liberta químicos poluentes. A reciclagem parece não ser viável para todos os tipos de plástico e, pelo que percebi, não é possível transformar uma garrafa de plástico noutra garrafa de plástico pois o plástico reciclado é de qualidade inferior. Se, por exemplo for transformado num saco plástico e este for "abandonado", ao desfazer-se em pequenas partículas acaba por entrar na cadeia alimentar. O plástico correctamente recolhido e que não é reciclado é... incinerado (este artigo é muito interessante). O que, mesmo que permita a produção de energia, não me parece muito sustentável. Estejam livres para me corrigir, caso esteja a dizer alguma asneira. E, em relação aos bioplásticos (como pude descobrir quando falei sobre os sacos de lixo)... Bom, leiam os comentários ao post, onde alguns leitores ajudaram a desmistificá-los.

Mas, podemos viver sem plástico? PET, vinyl, PP, ... (mais sobre os tipos de plástico aqui)? Como disse antes, às vezes nem sabemos que os temos connosco. Há pessoas, como a Beth e a Taina, que se desafiaram a viver sem plástico (esta senhora parece ter desistido, pelo menos no que se refere aos desafio do plástico...), há sites de produtos - que supostamente - são melhores alternativas ao plástico, ... (devido à minha "experiência" só acredito depois de investigar...), e até se pode começar por "um dia sem plástico"!


Quanto a mim, como sabe quem por aqui anda desde o início (se não é o caso, aqui estão todas as medidas relacionadas com o plástico) tenho vindo a deixar de usar determinados "apetrechos" plásticos (cotonetes, palhinhas, ...) e a alterar hábitos para diminuir a quantidade que entra cá em casa, sendo o mais importante - quanto a mim - o comprar a granel, sempre que possível.

A propósito de precisar de uma tábua de cozinha nova e de ter sido tentada por umas muito giras, coloridas (e de plástico...) decidi deixar de adquirir objectos de/com plástico. Pode parecer um pouco radical, até tendo em conta que não se compram tábuas de cozinha todos os dias... Mas foi o meu momento de viragem, o que é que se há-de fazer? Vou evitar - ardentemente - que entre mais plástico cá em casa. Onde me levará esta decisão? Vou-vos mantendo informados... Para já não vou ter, de certeza, pedacinhos de plástico na minha comida, pois ando na senda de uma bela tábua de madeira ou de bambu.

7 de maio de 2013

O Mundo é a Nossa Casa


Estou de volta. Devagarinho, porque há muito para colocar em dia a vários níveis. De forma algo abrupta  - ainda que esperada - a dor de quem amamos terminou. Uma nova fase se inicia, reaprendendo a vida. Obrigada pelos vossos comentários e mensagens!

Recordei-me (a propósito das perguntas que a atenciosa Liliana - do blog Verdade Verde no Preto - me pediu para responder, com o intuito de partilhar este projecto com os seus leitores) de alguns dos primeiros livros que me marcaram e de como tinham uma forte componente ambiental: "Beatriz e o Plátano", "Valéria e a Vida", a natureza maravilhosa dos livros de Sophia de Mello Breyner Andresen. Tinha a ideia de um outro, bastante gráfico, mas não me lembrava do nome...

Até que o encontrei! Chama-se "O Mundo É A Nossa Casa", de Júlio Moreira, Sena da Silva, Cristina Reis, Margarida D'Orey (Edição da Comissão Nacional do Ambiente, Lisboa 1975). Na altura talvez tenha sido distribuído pelas escolas (a minha mãe é professora "primária") por aquela Comissão, que foi a primeira estrutura pública de política do ambiente. Devo tê-lo apanhado quando comecei a ler e ficou pela minha "biblioteca". Entretanto encontrei mais alguém que também o tem como preferido e descobri que foi reeditado e que é recomendado pelo plano nacional de leitura. «Os autores estiveram na vanguarda das preocupações com o design da paisagem encarado na perspectiva ecológica, no princípio dos anos 70. É um livro de "educação" ecológica, com ilustrações originais. Um livro adulto que pode ser lido por qualquer criança.» (Bertrand)

Quis partilhar com vocês o início do texto (poema?), que aliás faz parte da própria capa do livro:

"O mundo é a nossa casa
dizemos nós    porque é
no mundo que todos os
homens vivem como uma
grande família numa
grande casa      Mas a
família dos homens
está dividida e há uns que
vivem como senhores e
os outros como escravos
E por isso há as guerras
e as crises e a fome
Por isso a casa está em
ruínas e em risco de se
tornar inabitável      Por
isso ninguém se sente no
mundo como em sua casa
É preciso e urgente
transformar a maneira
de viver no mundo    e é
para o conseguir que
muitos homens trabalham
e lutam      Toda a gente
sabe estas coisas    mas
nem todos gostam de
falar nelas    e foi por
isso que fizemos este livro"

22 de abril de 2013

Armandinho


Alguns de vocês já se aperceberam que ultimamente não tenho postado sobre as minhas medidas, mas (quase) apenas partilhado ideias nas "365 coisas... em imagens". Infelizmente não é um por bom motivo: tenho alguém próximo muito doente e tenho dedicado muito do meu tempo a apoiar quem amo.

Foi também há uns tempos atrás que descobri o Armandinho, cujo pai é o ilustrador brasileiro Alexandre Beck. Esta foi uma das primeiras tiras com que me deparei e que me deixou imediatamente apaixonada por este garoto de cabelos azuis:


Além de me conseguir sempre fazer sorrir - ou mesmo rir - o humor do "pai" do Armandinho é muitas vezes direccionado para questões ambientais:






E esta foi a tira que me fez lembrar de todos vós, os que me acompanham silenciosamente, os que deixam comentários encorajadores, inspiradores, desafiadores, os que me enviam questões ou sugestões por email, os que partilham post pelo facebook, os que conheci "ao vivo e a cores", cada um de vós que - de alguma forma - me tocou e me faz sentir que somos muitos e estamos a fazer a diferença:


Hoje dia da Terra, quero agradecer-vos, não só por estarem desse lado, mas pelo que estão a fazer pelo planeta em que vivemos!

E obrigada pelo apoio e paciência...


14 de março de 2013

L - "365 coisas... em imagens"


L

aqui, aqui, aqui e a quarta imagem é da Cláudia, a leitora que me apresentou esta ideia, enviando-me a foto do seu gato (que não aprecia fotografias...) na cama que lhe fez!

26 de fevereiro de 2013

212 - Comprar pneus usados


Eu sei que este é um tema muito polémico (basta ver a quantidade de opiniões diversas em fóruns automóveis por essa internet fora) por isso esperei até poder falar com  - já o posso dizer - anos de experiência neste assunto, visto que quase desde o início deste desafio começámos a comprar pneus usados ao invés de novos.

Também gostaria de frisar que esta é a minha opinião, baseada na minha/nossa experiência (aliás, como sempre, mas hoje acho importante reforçar este facto).

Dito isto, nós estamos satisfeitos com a nossa escolha. Infelizmente o Zé Manel tem que fazer bastantes quilómetros quase todos os dias, pois ficou colocado longe de casa e o comboio nem sempre é opção.  Feitas as contas (num período de tempo igual ao período em que utilizávamos pneus novos) comprando pneus usados, gastamos menos dinheiro, não notamos diferença em termos de desempenho ou segurança e, muito importante, reduzimos o nosso impacto no ambiente, pois estamos a dar uma segunda hipótese a pneus que de outra forma iriam para o lixo (ainda que - como vou falar mais à frente - possam vir a ser reciclados. Mas isto continua a poder acontecer depois de passarem por nós...).

Há pneus recauchutados, reconstruídos (remold), semi-novos, usados, ... Posso estar errada, mas pelo que percebi o recauchutado é um pneu que só leva a banda de rodagem nova enquanto que, no caso de um pneu reconstruído, o exterior é todo novo, sobre o "esqueleto" do pneu antigo. Acho que aqui está uma boa explicação (embora haja quem distinga 3 tipos de "recuperação": recapados, recauchutados e remoldados). Penso que semi-novos e usados são a mesma coisa (mas corrijam-me se estiver errada), pneus que já foram usados mas ainda estão em bom estado (como, por exemplo, os pneus de um automóvel que sofreu um acidente e não tem recuperação. Mas os pneus não só não sofreram danos, como até tinham sido trocados há pouco tempo...)

Como disse no início, aparecem testemunhos para todos os gostos. Muitas pessoas a criticar e a rejeitar os recauchutados, os reconstruídos, os usados... A mim parece-me que as questões se prendem principalmente com o desempenho dos pneus quando conduzem a altas velocidades (ai, ai, ai)... Mas posso ter percebido mal... Por outro lado, há muitas pessoas a dizer que não sentiram diferenças entre os pneus recauchutados, ou os reconstruídos, ou os usados e os novos.

Enfim, é muito difícil chegar a uma conclusão baseada nos comentários que se encontram na net ("que novidade", dirão vocês...). No nosso caso temos toda a confiança em quem nos arranja os pneus, e acho que este é o melhor conselho que vos posso dar: encontrem um fornecedor de pneus em quem confiem... E não, não estou a ser irónica (nem inocente), já percebi - por comentários de amigos e conhecidos - que não é assim tão fácil. O máximo que posso fazer é dar-vos o contacto do nosso (se estiverem pelo Porto e arredores...)!

Entretanto, encontrei informação sobre pneus ecológicos e pensei que seriam feitos de materiais mais "simpáticos", mas são ecológicos devido à redução de emissões de CO2, economia de combustível, ... O que é óptimo também, claro, mas... E a notícia que refere a possível utilização de óleo de soja no fabrico de pneus, ao invés de petróleo, faz-me torcer o nariz, pois perdemos, a um ritmo assustador, áreas extensas de floresta tropical para plantações de soja, não se podendo considerar esta hipótese "simpática" para o ambiente, certo? É difícil, ao que parece, encontrar uma solução...

Para já vou continuar a "reusar" pneus e a aplaudir ideias como esta (portuguesa) de reciclar pneus para fabricar asfalto para a pavimentação de estradas, ou esta, de transformar pneus velhos em produtos substitutos da madeira (como, por exemplo, decks exteriores) além da mais conhecida em que a borracha dos pneus dá origem a pavimentos para recintos desportivos, infantis, ...

E, claro, não faltam ideias para reutilizar pneus...

aqui
aqui
aqui

e, muitas, muitas mais há, mas - às vezes - as mais simples são as melhores...


22 de janeiro de 2013

211 - Fazer pressão, pôr a circular petições e escrever cartas em prol de causas ambientais


Este é sem dúvida um direito - e um dever - do qual não devemos abdicar. E, contra mim falo, às vezes facilitamos e não somos tão activos como nos cabe ser enquanto cidadãos.

Tenho-me esforçado por ser participativa, a nível "ambiental", para além deste blog e das medidas que tomo no dia-a-dia, claro. E aqui incluo o participar como voluntária em acções ambientais e ser um membro activo de uma associação ambiental (agora sou sócia da A.P.V.C. - associação para a protecção do vale do coronado, uma pequena mas interventiva associação).

Apesar de ainda não ter posto a circular nenhuma petição, tenho estado atenta, assinando e partilhando as que me parecem justas. Sim, porque se lerem este post - onde podem encontrar maneiras de se ser virtualmente amigo do ambiente... - podem descobrir petições completamente descabidas!

A minha primeira carta - ou melhor dizendo, email - foi para a Ecover. Depois de ter escrito um post em que fazia referência a esta marca, uma pessoa levantou-me dúvidas sobre o facto da marca fazer testes em animais. Até hoje não me responderam... já se passaram tantos meses que posso começar a falar de anos...

Solução? Deixar de comprar produtos desta marca. Com as empresas não perco muito tempo. Se, como consumidor, não me tratam bem, "abandono-as". Devia insistir? Prefiro então criar uma petição (não foi este o caso), como forma de alertar mais pessoas para o problema e assim fazer a tal pressão. Neste caso, encontrei - depois - várias associações/organizações de defesa dos animais que já têm esta marca na lista negra.

Não é o tema deste post, mas a BUAV anda atenta a estas questões e costuma apresentar listas actualizadas das empresas que testam ou não. Sim, que este é um assunto bastante confuso: oram testam, ora deixam de testar, voltam a testar, não testam mas compram ingredientes testados, seguem a lei dos 5 anos (???), não seguem, ...

Também sobre este assunto, aconselho-vos este artigo: "defende" que não há nenhuma marca, que de uma forma ou outra, não contribua para alguma forma de crueldade sobre animais.

Porque é que eu, cada vez mais, faço - usando os ingredientes mais simples (acho que não se testa azeite, vinagre, ...) os produtos que uso? ...


Voltando ao tema deste post...

Já há algum tempo que achava que devia escrever uma carta (email...) à minha Câmara Municipal. Moro numa zona agradavelmente arborizada e nos últimos anos temos perdido algumas árvores. E, apesar da câmara tratar da manutenção dos jardins, nenhuma árvore foi "reposta". Confesso que fui adiando esta decisão (lá está...), até ao passado fim-de-semana, quando - devido ao mau tempo - mais duas árvores "foram à vida"...

Neste caso vou, claro, insistir até obter uma resposta. Trata-se de um organismo de serviço público, não é?

Se quiserem apoiar o meu pedido ("fazer pressão"...), podem encaminhar os vossos email para dmevhp@cm-porto.pt. A zona em questão é o antigo bairro da caixa de providência, mesmo ao lado do inatel (em ramalde).

Há outras zonas do Porto que também ficaram sem árvores, por isso podem alargar o pedido, adaptá-lo a outras cidades e lugares por este país fora, onde as árvores estão a fazer falta.

Eu escrevi do coração, porque acredito que tem mais efeito do que um pedido formal e impessoal. Espero que vos inspire a ser, também, mais interventivos (seja pelas árvores ou por outro assunto...):

"Boa tarde.

Chamo-me (o meu nome) e sou moradora na rua (a minha morada). 

Vivo num bairro construído no final dos anos 50, projectado por um dos grandes nomes da arquitectura portuguesa: Fernando Távora. Os apartamentos, apesar de pequenos, pelos padrões de hoje, são deliciosos, mas o que torna este bairro tão agradável, e mesmo especial comparando-o com outros semelhantes, é a profusão de árvores - muitas delas existentes desde o início do projecto - que rodeiam os edifícios, afastando os ruídos da cidade que nos rodeia, namorando com os habitantes dos apartamentos, transformando as janelas em molduras de belos quadros, trazendo até nós os perfumes da natureza, o canto bucólico dos pássaros. Costumo dizer que vivo num pequeno paraíso verde, escondido numa zona privilegiada da cidade.

Nos 5 anos que vivo aqui, já vi este bairro perder - pelo menos - três árvores, das mais antigas. Duas tiveram que ser cortadas porque estavam a pôr em risco a segurança dos habitantes, uma literalmente morreu (mas não de pé), caindo sem provocar nenhum estrago no que a rodeava. Muito poético, mas deixando mais um espaço vazio. 

Agora, com o temporal do passado fim-de-semana, perdemos mais duas árvores. E, infelizmente, muitas mais árvores se renderam à intempérie, um pouco por toda a cidade (e país...).

Não estou a diminuir os estragos que houve a outros níveis, espero que o compreendam, mas são as árvores que me fazem escrever-vos.

Há árvores que tombam, outras são depostas por mão humana, mas já a sabedoria antiga sabia que uma árvore desaparecida deve ser substituída por uma nova, com vista a manter o equilíbrio. E aqui, na cidade, este equilíbrio é delicado, pois mais facilmente nos desligamos da natureza. Se nenhuma árvore for plantada onde outras desapareceram, corremos o risco de um dia acordarmos sozinhos, sem as nossas sombras, sem os nossos pássaros.

Assim, venho pedir-vos para reporem a harmonia aqui no nosso bairro (e já agora nas restantes zonas prejudicadas pelo mau tempo), encontrando substitutas dignas das árvores que durante décadas alegraram as vidas dos moradores.

E, se o desejarem, estou disponível para vos fazer uma visita guiada ao bairro, indicando-vos os locais atingidos.

Atentamente,
Ema Magalhães"